Olá!
No Editorial deste mês divido com vocês a experiência de volta ao trabalho depois da licença maternidade.
Há um ano e meio faço parte da equipe da Fundação como assistente de projetos e em agosto de 2021 entrei para o desafiador mundo da maternidade. Mãe de primeira viagem, tudo é novidade, e cada etapa é uma enxurrada de emoções.
Bernardo veio ao mundo com 28 semanas de gestação, prematuro extremo, teve que passar por tubos, sondas, drenos, agulhas, oxigenação artificial, várias intercorrências e administrar de uma forma “não natural” sua chegada precoce ao mundo. Ele passou os primeiros 68 dias de vida dentro de uma UTI de Hospital tendo que amadurecer em uma caixa de plástico ao invés de dentro da barriga da mamãe. Com 9 meses de vida, Bernardo é um especialista em superar desafios.
Nos adaptamos a rotina puxada e eu tenho o privilégio de ter um bem estruturada rede de apoio. Além de um companheiro parceiro, conto com mãe, pai, irmã, sogra, três cunhadas e uma prima. Todos dão suporte para o Bernardo e para a casa, se revezam e me apoiam nas tomadas de decisão.
Em alguns momentos senti falta de trabalhar, uma necessidade de distrair a cabeça para além do cansaço da maternidade. O cenário pandêmico contribuiu para este sentimento, para mim essa válvula de escape sempre foi o trabalho.
A volta ao trabalho é bem desafiadora. É muito novo ficar longe do meu filho, os primeiros meses são intensos e o controle é todo nosso, ter que delegar esse cuidado parece ser errado. Assim, damos brecha para a chegada da culpa, que se faz presente em vários períodos, pelo o que conversei com outras mães.
É importante ressaltar a postura do empregador. A Fundação tem sido parceira e acolhedora, me passou segurança e cuidou para que eu tivesse todos os direitos garantidos, assim como propôs flexibilizar meu horário de trabalho. Infelizmente, essa não é uma realidade para muitas mães. Casos de desligamento de empregos quando as mães retornam de licenças maternidade são muito comuns.
Eu consegui construir uma estrutura alinhada e ter uma rede de apoio na tentativa de deixar esse processo mais tranquilo, só não contava com a resistência do meu filho. A adaptação com o Bernardo tem sido complicada, principalmente com as mamadas. Ele estava exclusivamente se alimentando pelo seio materno, o que no caso de uma prematuro é algo extremamente raro. Muitos não se adaptam a sucção na mama por terem tido contato com bicos artificiais ainda na maternidade. O peito além de prover alimento é o lugar de acolhimento, aconchego e garante segurança. Mas nós superamos muitas adversidades e não será diferente com essa fase. Bernardo é um expert em superar desafios